Saber lidar com as diferenças

Coletores de Lixo reciclável- Braga Portugal 

Engraçado que mesmo sabendo que estamos a caminho de um país diferente, ainda que de língua parecida, temos a certeza que encontraremos uma cultura diferente. Pensamos assim, que encontraremos e saberemos lidar com as diferenças.

Quando cheguei em Portugal, tive algumas primeiras impressões:

• Aqui fazia frio, muito mais frio do que estava acostumada;
• As pessoas não são em nada parecidas conosco, em termos de jeito;
• Tudo é organizado e limpo;
• A arquitetura é bem diferente da nossa,
• Com certeza o português falado aqui não é o nosso português.

Isso foram só as primeiras impressões, quando se desce do avião, ao longo da primeira semana e do primeiro mês, então, fomos descobrindo muitas outras. Como eu digo, aqui, não tem nada pior, nem melhor do que no Brasil, apenas tudo é diferente. Será que realmente sabemos lidar com as diferenças?

Neste primeiro mês, aos poucos percebi que tinha que aprender muito mais sobre isso, e claro esta é uma coisa muito importante para se aprender em um intercâmbio. Aceitar o que as pessoas fazem, como fazem, o jeito de falar e de lidar com o dia a dia, sem comparar com os outros do seu país, não é fácil.

Nas aulas, no ônibus, nas conversas, no mercado, em todos os lugares aprendi muito. Aprendi sobre mim, do que eu gosto, do que não gosto, do que importante e o que não é. Esses aprendizados não temos em nenhuma universidade.

Eu sempre amei o meu país e não tinha vontade de morar fora, a não ser que fosse provisório e para um upgrade bem grande nas nossas vidas, se fosse muito bom para toda a família. Agora eu amo mais ainda e tenho a certeza que não tem melhor lugar no mundo do que o nosso país, do que nossa cidade, do que nossa casa. Este é um sentimento de pertencimento. Estar na Europa e constatar, que nós não estamos atrás em nada deles é muito bom, não que eu não esteja vendo coisas boas e que no Brasil poderiam ser assim, mas que pela jovialidade da nossa cultura, nós estamos até que muito bem.

Estar aqui então, me fez perceber que nada sei sobre lidar com as diferenças e que aos poucos estou aprendendo e valorizando isso, como na diferença há beleza. Que nada precisa ser igual para ser bom e que podemos conviver muito bem com aqueles que pensam, agem e falam de maneira diferente.

Lição importante aprendida....saber lidar com as diferenças.

E..faz parte do intercâmbio...as viagens!

Se tem uma coisa que faz parte do intercâmbio e a gente gosta e muito...são as viagens!

Programadas ou não, de pequenas ou grandes cidades, sempre são muito boas.

Como bolsista e sem dinheiros extras para gastar a gente tem que pensar e programar muito bem o que vai fazer com 200 euros que sobram depois de pagar o necessário.

No início temos que arcar com despesas de mudança, como comprar coisas para casa, produtos de limpeza, aluguel com depósito, roupas para se ajustar a temperatura, desejos contidos e despertados por grandes ofertas!! Se for muito consumista....ahhhh aí fica complicado.

Depois do primeiro mês, começa a sobrar um pouco e dá para começar a passear, eu optei por ir conhecendo as cidades, regiões próximas e, não me arrependo. Alguns dias passeamos em Braga mesmo, conhecemos o Shopping e suas tentações! Depois, fomos a Gerês, que é na serra e não dá para descrever tanta beleza. Um dia é pouco, tem que voltar com a turma para fazer passeios mais para cima da montanhas, como fomos em duas e os passeios começavam a ficar baratos a partir de quatro, não fizemos muita coisa. Andamos de Kart e foi muito bom, mas dá para fazer passeio de Jipe de 4 horas e subir bastante , lógicamente conhecer muito mais coisa. Mas voltaremos! Abaixo um pouquinho de Gerês, que fica a 13 km da fronteira com a Espanha e uns 48 km de Braga.

Na última sexta-feira, ontem, fomos a Guimarães, também bem pertinho, de ônibus leva uns 30 minutos mais ou menos . É a cidade onde nasceu Portugal, em 1143, cheia de monumentos, praças floridas, Igrejas, Castelos e muralha medievais. Foi eleita a Capital Européia da Cultura em 2012 pela ligação com a Fundação do País. Lá não deixe de visitar o Castelo e o Paço dos Duques de Bragança, que ficam uma ao lado do outro, cercado por paisagens maravilhosas. O Centro , cheio de história, com a muralha onde nasceu Portugal, lindo cheio de ruazinhas de pedras, estreitas com casa bem típicas e muito conservadas. Um passeio a parte , que poderia durar o dia todo, com direito a piquenique, é a subida de teleférico, carro, a pé ou de ônibus a Montanha da Penha, um patrimônio natural, cheia de encantos, paisagem natural simplesmente deslumbrante. Caminhos, grutas, pedras, fauna e flora rica para se contemplar e uma vista incrível da cidade e entorno. Tenho que voltar lá, pois um dia também é pouco. Retornamos para casa a noite e percebi que também tenho que passar algumas horas a noite naquelas ruas, seus bares e agito. Abaixo um pouquinho de Guimarães!

Agora estou na dúvida, se a próxima será Barcelos ou Lisboa...vamos pensar. Agora ...estudar um pouco, porque a vida acadêmica segue!

Início das aulas

Vista da Biblioteca da U. Minho

As aulas começam para valer e as diferenças vão aparecendo.

Conhecer uma cultura nova e podem rir até uma língua nova, sim o português de Portugal é uma língua diferente e depois todos entenderão, tudo isso  não é fácil. Chegamos empolgados, com percepções que às vezes não correspondem a realidade , e portanto devemos tomar cuidado com comparações, para que não haja decepção.

Portugal é lindo, Braga é uma cidade maravilhosa, a Universidade do Minho também. A estrutura da cidade e também da Universidade são impressionantes. Braga é uma cidade relativamente pequena, tem cerca de 200 mil habitantes, é tranquila, histórica, muito bem cuidada, tem seus problemas como outra qualquer e o maior deles no momento é lidar, como Portugal na totalidade, com a TROIKA. São medidas tomadas pelo governo para atender a exigências da Comunidade Européia para que o país consiga se equilibrar diante da crise mundial. Bem, nós brasileiros já conhecemos isso muito bem! Há desemprego e os salários estão arrochados, e isso reflete em tudo.

A universidade é muito bem estruturada e grande. Tem muitas diferenças da que eu frequento no Brasil, de nome de cursos, matérias, métodos das aulas, e uma coisa muito diferente, é que os alunos mudam todo o tempo de sala. É um corre....sai do CP1(Complexo Pedagógico 1) e corre por CP2, com isso as aulas que são teóricamente de 1 hora a 3 horas viram aulas de 40 minutos a 2h30min.... O professor se atrasa e muitos alunos pelo deslocamento também. Depois, a cada hora, tem um intervalo de 10minutos (o que nada mais é do que nossas aulas de 50minutos), que se não são dados no meio da aula, ficam para o final, então sempre se sai de 10 a 20 minutos antes do término. Na universidade que frequento, nossas aulas são bem participativas, já é normal isso, e aqui eles estão começando com isso. Não é nem melhor nem pior, apenas diferente. O volume de leitura, por enquanto está tranquilo, mas existem textos em inglês e espanhol para ler, o que acontece com menos frequência nas minhas aulas.

Conforme for passando o tempo, vou contando mais...mas o que os brasileiros aqui, em geral, sentem mais falta, e que aqui por cultura, dificilmente acontece, é o calor humano, as amizades. E chegar em uma sala com 40, 50 estranhos, e demorar para se sentir acolhido não é fácil não. Em pensar que estamos afastados de todas as nossas referências diárias, país, cidade, família, colegas, amigos, isso conta muito. O bom é que na residência universitária, , estamos todos passando pelas mesmas coisas, e é aqui que as amizades acontecem e que uns ajudam muito aos outros.

Fiquei muito tempo sem escrever, mas vou tentar não deixar acumular.... é...as aulas começaram e o tempo para escrever diminuiu, mas vamos tentando conciliar.